A força do Perdão

O homem que se considera inteligente não guarda rancor nem permanece em pecado. Ter ódio e rancor significa engravidar do mal do outro. O ódio é uma das piores formas de alienação. Ter o mal do outro em minhas entranhas? Para que? Liberte-se e seja uma pessoa feliz!

Todos nós sabemos que a saúde interior depende de uma boa faxina emocional. Não dá para ficar guardando tudo como naquele quartinho de bagunça, as vezes chamado de despensa, que todos tem em casa. Num sábado qualquer, você levanta mais cedo, arregaça as mangas e tira tudo para fora. Algumas coisas nos causam pena de jogar fora, mas convenhamos, são inúteis, não passam de entulhos. O pior é que o nosso coração funciona mais ou menos assim. Guardamos coisas descartáveis e ficamos sem espaço, alguns até um tanto asfixiados. Perdoar nos garante espaço interior para rezar, servir, amar ...

Nem sempre é possível fazer isso sozinho. Por que não pedir ajuda a alguém? Pode ser muito útil procurar uma pessoa, que lhe inspire confiança, para que possa te ajudar a abrir e limpar este quarto interior.

Por acaso você já fez a experiência de descarregar, mesmo com grande esforço, os seus pecados, confessando-os, pedindo perdão a Deus, e depois sentir-se feliz, leve e livre como um pássaro, com vontade de amar? De amar a Deus e não ofendê-lo mais, e de amar o próximo? Pois bem, se isto te aconteceu alguma vez na vida, significa que você já experimentou um pouco daquilo que a mulher pecadora, segundo a narrativa do Evangelista São Lucas (Cf. Lc 7,36-50), sentiu em seu coração naquele dia.

Aquela mulher talvez tivesse ouvido Jesus falar em alguma sinagoga ou praça do povoado, anunciando em reino de perdão para todos os que tivessem pecado. Surpresa e maravilhada pelo amor de Deus que a tocava de modo tão pessoal e que a convidava a comunhão com Ele, foi procurá-Lo. Sabendo que Jesus estava almoçando na casa de um fariseu chamado Simão, ela foi ao seu encontro. Chegando junto Dele começou a lavar-lhe os pés com suas lágrimas, e depois de enxugá-los com os cabelos, os ungiu com óleo perfumado que levara num vaso de alabastro.

Aquela mulher estava convencida de que encontrou a salvação em Jesus. O óleo é sinal de veneração, beijando-lhes os pés é como se ela lhe dissesse: Tu salvaste a minha vida. Naturalmente, Simão não entendeu nem a atitude dela nem a reação de Jesus. Jesus então explicou, com a parábola dos dois devedores, que amara mais aquele a quem mais foi perdoado.

Não é assim que acontece também conosco? É justamente experimentando o amor de Deus – que toma a iniciativa com o seu perdão – que temos a força de amar e de recomeçar sempre. “Seus numerosos pecados lhe foram perdoados porque muito amou (Lc 7,47). Muito amou. Vendo o amor de Deus por ela, a pecadora ama. Ela é, portanto, a imagem e o modelo do cristão, cujo dever se resume no amor: Amar a Deus e amar o próximo.

Esta conversão a Deus, ao amor de Deus, que aconteceu com a mulher, não é somente um caso excepcional que se pode encontrar nos grandes convertidos. Não. Este ensinamento vale para todos nós. Deus vai em busca do que está perdido. O seu coração se dirige de forma particular àqueles que mais tem necessidade de misericórdia. É com esse amor que Deus suscita amor e estabelece aquela relação viva e pessoal entre ele e o homem, um relacionamento não legalista, que é essencial para podermos ser chamados de cristãos.

Tenha o par de orelhas de um amigo em quem você pode confiar seus segredos sem medo de ser traído. Perdoe. Amorize seu coração. Abra espaço interior para aquilo que realmente vale a pena.

Sendo impossível a felicidade sem Deus, é indispensável que nos reconciliemos, voltemos a Ele, enquanto é tempo. Ao pecador arrependido, Deus, pelo ministério da Igreja, dá perdão dos pecados e a vida eterna.

 

Pe. Reinaldo

 

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