Saudade e lembranças

 

Podem parecer sinônimos.

Idéia igual, mas diferente no sentir.

 

Lembrança é da memória, saudade é da alma.

Muitas lembranças, poucas saudades.

 

Lembranças surgem com um cheiro, uma música, uma palavra.

Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.

 

Lembrança pode ser boa, mas quando não é, pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro pensamento para o lugar, ligando a TV ou lendo jornal.

Saudade é sempre boa, mesmo quando dói, e não se apaga mesmo que outra pessoa tente ocupar o lugar vazio. Ela pode coexistir com um novo amor, sem machucá-lo.

 

Lembrança é algo real, de um lugar, uma época, uma pessoa.

Saudade pode ser do que não ouve, de uma possibilidade, de lábios jamais tocados.

 

Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço, pode até ser calculada com uma fórmula matemática, ao gosto dos engenheiros.

Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas, teria outro nome, seria uma saudade com tempero, eu acho.

 

Lembrança pode ser sem som, pode não doer.

Saudade é jamais sem som. Se ela não vier com fundo, a gente coloca, só pra ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para preencher mais a alma vazia.

 

Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a ausência, respeita convenções.

Saudade ignora a morte, vence distâncias, barreiras e preconceitos.

 

Lembrança aceita nosso comando, vai e volta quando queremos.

Saudade é irreverente, independente e autossuficiente.

 

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